A LeBaron Carrossiers Inc. foi fundada em 1920 por Thomas L. Hibbard e Raymond Dietrich, em New York City, EUA. O local em si, a 2 Columbus Circle, estava além do que eles, de fato, poderiam pagar, porém decidiram que a localização era essencial para sua imagem, além do próprio nome, LeBaron, que soava um tanto francês e traria um ar mais sofisticado à empresa. O mais interessante com relação aos empreendedores é que escolheram ter apenas um escritório de design, permitindo-lhes trabalhar de forma independente com fabricantes de chassis e empresas de carrocerias.
Já no fim dos anos 30, graças à Grande Depressão, o mercado de carrocerias praticamente havia evaporado. Consequentemente não havia serviços para a LeBaron. Entretanto, em 1939 Alex Tremulis (que também trabalhou no projeto do lendário Tucker Torpedo), na época uma jovem promessa do design, lançou a ideia do Thunderbolt a Ralph Roberts (na LeBaron contratado por Hibbard nos anos 20).
Roberts ficou tão impressionado com o projeto que logo marcou uma reunião com o presidente da Chrysler, K. T. Keller, e o presidente da divisão Chrysler, Dave Wallace, para discutir a possibilidade de criar dois novos carros dos sonhos. O nome Thunderbolt veio em homenagem ao carro pilotado pelo Capitão George Eyston, que atingiu a incrível marca de 575 km/h em linha reta, na Bonneville Salt Flats (o famoso deserto de sal localizado ao nordeste de Utah, EUA), em setembro de 1938.
O veículo era praticamente todo feito em alumínio, e sua construção era tão impressionante para a época, por conta de suas curvas, que deixou Keller perplexo. “Às vezes, vocês, estilistas, pensam como engenheiros”, teria dito ele a Tremulis.
O Thuderbolt fora construído utilizando o chassi modificado do Chrysler New Yorker, e tinha um motor de oito cilindros em linha de 140 cv. O veículo também empregou a transmissão “Fluid Drive” de três velocidades, algo que só seria visto na Chrysler depois da II Guerra Mundial. Também havia unidades com overdrive (câmbio automático), que permitia velocidades superiores a 160 km/h.
Além disso, para abrir a porta, tanto do lado de fora como de dentro, utilizava o método “push-button”, ou seja, era necessário apenas apertar um botão. O interior era ricamente decorado em couro, os medidores eram iluminados e o rádio, na posição vertical, complementava perfeitamente o painel.
Mas o que mais chamava a atenção era sua engenharia no tocante ao acionamento da capota, que era rígida e retrátil. Através de um interruptor, situado no painel, acionava três operações sincronizadas, que levavam a capota para trás do banco. O desenho do para-brisa curvo provou ser um grande desafio, já que nunca tinha sido utilizado em um automóvel anteriormente e nenhuma empresa especializada tinha algo parecido para uso imediato. Felizmente foi possível produzir o mesmo a tempo, sem a necessidade de fazer uma readequação no projeto. (Essa ideia do para-brisa curvo só voltou a aparecer novamente em meados dos anos 50.)
Cada um dos cinco Thunderbolt produzidos recebeu uma combinação de cores diferente, e foram marcados por um discreto raio de alumínio situado nas portas. Havia também diferenças sutis no painel de cada carro em relação aos acabamentos. E, para garantir a integridade e a qualidade dos carros, os engenheiros da Chrysler trabalharam lado a lado com os da LeBaron, inclusive para que o prazo fosse cumprido.
Os carros viajaram por todo o país, atraindo grandes multidões. Um representante Chrysler de Sacramento, na Califórnia, relatou 8.500 visitantes em seu negócio no dia em que o Thunderbolt estava presente em seu showroom. Já em um fim de semana de inverno em Denver, o veículo atraiu 29 mil visitantes que enfrentaram neve e granizo para ver a mais recente criação da Chrysler e da LeBaron. E dos cinco exemplares construídos, apenas quatro existem hoje. Infelizmente seu projeto fora interrompido por conta do início da II Guerra Mundial.
O Thunderbolt marcou sua época, como um carro-conceito, pelo seu apelo futurista; era um veículo que indicava tendências, como os faróis escamoteáveis, a fluidez e aerodinâmica em seu design. Foi um veículo 20 anos à frente do seu tempo.
Fonte e fotos: CoachBuild – RM Auctions – Hugh Hamilton – ConceptCarz – Mad4Wheels