A história do produtor rural, Nelson Pandolfo, de Xaxim/SC, é muito parecida com a de muitos antigomobilistas brasileiros. Tirado zero quilômetro na agência Berto, de Xanxerê/SC, o Ford Corcel II Belina só conhece um único dono e, devido aos cuidados e zelo de seu proprietário, está praticamente novo. “A Belina está assim não porque não andamos com ela, pelo contrário! Apesar de termos outro carro, é com a Belina que a gente mais sai e é o nosso carro de trabalho. Hoje ela está com 79.230 km e sempre esteve em minha mão, nem mesmo minha filha a dirigiu”, conta ele.
Foto: Portal DX (www.portaldx.com.br)
A História
A história da Belina com o Sr. Nelson começou quando o proprietário da agência Ford de Xanxerê, Nadir Berto, vinha comprando com certa regularidade figo do produtor. “Eu tinha na época uma Brasília 1974 que comprei de segunda mão, mas estava comigo há 10 anos, no mesmo estado que se encontra a Belina hoje. Seu Nadir insistiu para que eu vendesse a Brasília e comprasse uma Belina. Um dia ele disse que a minha Belina já estaria vindo para Xanxerê e pediu para que eu fosse à cidade para fechar o negócio.”
Então, no dia 11 de julho de 1984, Nelson foi a Xanxerê, de ônibus, para buscar seu mais novo carro, que ainda estava, quando chegou, em cima do caminhão cegonha. “Até que eles tiraram o carro, lavaram e revisaram, eu tive que esperar, e cheguei depois das 20h em casa. A família já estava preocupada porque, na época, não havia telefone para se comunicar.”
Com um carro confiável, robusto e, graças aos cuidados de seu dono, impecável, é normal que colecionadores de carros antigos venham a fazer algumas ofertas generosas pelo veículo. “A maior proposta que me fizeram foi em Chapecó: me ofereceram R$ 42 mil, mas há uma pessoa em Xaxim que está interessada e disse que cobre qualquer proposta.” Mas o produtor enfatiza que, por hora, não quer vendê-lo: “No momento não penso em vender, pois é um carro que serve bem para o meu trabalho, tem porta-malas grande que me ajuda quando preciso sair para vender minha produção”.
Lançada em março de 1970, a perua Belina era parecida com a linha Renault 12, mas com três portas. Oferecia certo conforto para cinco pessoas, tanque de combustível com capacidade de 63 litros, além de, na versão Luxo Especial, vir com painéis laterais em adesivo imitando madeira (jacarandá) e pneus com faixa branca.
O Corcel fez sucesso em todas as classes sociais: era o principal carro da família (a Belina), o segundo carro (cupê), táxi (quatro portas) ou como o carro para jovens descolados (GT). E graças à pessoas como o Sr. Nelson que ainda é possível encontrar automóveis em estado de praticamente zero quilômetro; pessoas que têm amor e zelo por seus veículos, que assim, com essas atitudes, ajudam a preservar a história automotiva brasileira.
Fontes e Fotos: Portal DX (www.portaldx.com.br) / Best Cars (www.bestcars.uol.com.br)