Antes de falarmos da Kombi propriamente dita, vamos falar um pouco de sua montadora, a Volkswagen, que tem uma história interessante. A Volkswagen, que traduz-se como “Carro do Povo” em alemão, fora criada na década de 30, por volta do ano de 1937, na época da Alemanha nazista, uma ideologia praticada pelo Partido Nazista da Alemanha, capitaneado por Adolf Hitler e adotado pelo governo alemão entre 1933 e 1945.
Hitler utilizou-se do projeto “Volkswagen” para criar o seu KdF-Wagen, inicialmente vendido para a população por títulos do governo nazista, prometendo facilitar o acesso tecnológico, produtos e bens. Uma boa estratégia para conquistar a população. Em Wolfsburg (inicialmente batizada de Stadt des KdF-Wagen, ou seja, “Cidade dos Carros KdF”), cidade esta concebida com o intuito de servir de morada para os trabalhadores que lá prestavam serviços em uma nova fábrica criada, a primeira da Volkswagen, em 1938.
Em 1939 começa a Segunda Guerra Mundial, significando que toda sua produção seria voltada, então, a veículos militares, como os famosos Kübelwagen (de autoria de Ferdinand Porsche).
Com a tomada da fábrica pelos americanos em 1945, a Volkswagen estava fadada ao fracasso, já que todos os seus produtos seriam associados a Adolf Hitler e ao seu Partido Nazista. Portanto, ninguém gostaria de assumir os seus projetos com tal denominação negativa. Mas a Volkswagen, ironicamente, deve sua existência na atualidade ao Major Ivan Hirst, do exército britânico, que, com a ajuda do engenheiro alemão Alfred Haesner, passou a comandar a fábrica, vendo grande futuro no conceito do automóvel popular, o Volkswagen Sedan (aqui, o lendário Fusca). Ainda assim, o resto do mundo não recebia de bom grado os projetos da marca, apenas os alemães simpatizavam-se.
Mas, então, o holandês Ben Pon acreditou na filosofia da empresa e passou a revender os carros. Sentindo que um ponto negativo nos veículos Volkswagen era a sua capacidade de carga, criou, assim, a ideia da Kombi (que vem do alemão “Kombinationsfahrzeug” que, traduzindo, seria algo como “veículo combinado”, ou de “multiuso”), baseando-se em uma perua sobre o chassi do Fusca. Lançado em fevereiro de 1950 com o nome de Volkswagen Transporter, só adotaria oficialmente essa designação em 1990. Um mercado carente de veículos de carga baratos fez com que a Kombi ganhasse notoriedade nas concessionárias e fosse um sucesso absoluto.
Esboço criado por Ben Pon
No Brasil, a Kombi começou a ser importada pelo Grupo Brasmotor (grupo proprietário da Brastemp), em 1950. Com a instalação da Volkswagen do Brasil, em março de 1953, o Sedan e a Kombi passaram a ser importados em regime CKD (desmontados) e montados em um galpão alugado, na Rua do Manifesto, Bairro do Ipiranga, em São Paulo. Com o plano de nacionalização de veículos no governo do Presidente Juscelino Kubitschek (com a criação do GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística), a Volkswagen iniciou, em 1956, a construção de uma fábrica, no km 23,5 da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo/SP, seu maior investimento até então fora da Alemanha. Embora essa unidade industrial só viesse a ser inaugurada oficialmente em 1959, já em 02 de setembro de 1957 foi iniciada a produção da Kombi, contendo 50% de componentes efetivamente nacionais.
Depois de várias versões para variados tipos de uso, a última Kombi foi produzida em dezembro de 2013, identificada por uma série especial “56 anos – Kombi Last Edition“, e levada a um museu de veículos comerciais do grupo Volks, em Hannover, na Alemanha. Uma merecida aposentadoria (influenciada, embora, pela nova legislação vigente em nosso país) de um ícone cultural que marcou história não só no Brasil, mas em todo o mundo. Sentimos e sempre sentiremos saudade, torcendo sempre que abnegados colecionadores levem esses charmosos veículos a encontros de carros antigos, onde, assim, poderemos admirar e lembrar dos bons momentos vividos com essa companheira de estrada.
Fontes: Volkswagen do Brasil / Livro Clássicos do Brasil série Kombi / Revista Classic Show edição 36
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