Entre tantos veículos que o Rei do Rock possuiu, talvez o Stutz Blackhawk III 1973, fabricado pela Stutz Motor Company, de propriedade do banqueiro de Nova Iorque, James O’Donnell, tenha sido um dos mais queridos pelo cantor. Concebido em uma era de grandes exageros, o carro está longe de passar despercebido. Além disso, as pessoas mais abonadas queriam exclusividade, mesmo possuindo um carro de alto padrão e demasiado luxo, dando início à era da personalização.
Origem do veículo
“Stutz” nada mais é do que uma homenagem à empresa norte-americana criada por Harry Stutz, em 1912, especializada em carros esportes. Já “Blackhawk” relembra um dos modelos fabricados pela própria Stutz Motor Company nos anos de 1929 a 30.
O’Donnell, para o design do veículo, tirou da aposentadoria um dos mais brilhantes estilistas automotivos de todos os tempos, Virgil Exner, que criou verdadeiras lendas para a Chrysler nas décadas de 50 e 60, como o 300 e o Imperial. O Blackhawk fora apresentado ao público em janeiro de 1970, no Waldorf Astoria, em Nova Iorque; os preços variavam entre US$ 22.500 a US$ 75.000. Construído sobre um chassi de Pontiac Grand Prix, media cerca de 5,70 m de comprimento; era um cupê imponente, de frente longa e com espaço para dois ocupantes, um carro perfeito para as celebridades. Sua carroceria era montada pela Carrozzeria Padane, sob supervisão da empresa Ghia, na Itália; posteriormente seguia para os EUA para finalizar a montagem.
Uma das coisas que mais chamam a atenção, ao ver o veículo pela primeira vez, são seus canos de escapamento laterais que, olhando mais atentamente, têm apenas função estética (segundo o restaurador do veículo do rei, Walt Hollifield), já que há escapamentos saindo também pela traseira. O veículo possui quatro faróis na frente, dois grandes e redondos, com aros cromados, e mais dois menores, nas extremidades da carroceria; sua grade vertical, ao centro, também destaca o veículo. Na traseira, a tampa do porta-malas era outra atração, já que alojava o estepe bem ao centro; quando aberta, o pneu ficava aparente. A pintura, no cupê, poderia ser no estilo saia-e-blusa, em cores metálicas ou perolizadas
O interior impressionava pelo luxo, e o acabamento dependia do gosto e, principalmente, do bolso do cliente. O volante, por exemplo, assim como as molduras dos instrumentos, botões e demais revestimentos poderiam ser folheados a ouro 24 quilates. Um esplendor!
O Stutz de Elvis Presley
O primeiro exemplar do Stutz Blackhawk (o segundo protótipo, já que o primeiro era de James O’Donnell) fora vendido para Elvis Presley, um verdadeiro apaixonado por carros, em 09 de outubro de 1970, pela “bagatela” de US$ 26.500. Elvis, sem esperar muito, enviou-o para ninguém menos que George Barris, o Rei da Customização e pai do Batmóvel, falecido em 05 de novembro de 2015, para personalizá-lo ainda mais. Completado o serviço, o carro foi entregue ao International Hotel em Las Vegas, em 12 de outubro de 1970. Elvis logo voou para conferir de perto o novo carro. Infelizmente, em julho de 1971, um motorista contrato pelo cantor acabou sofrendo um acidente com o carro, que ficara muito danificado. Elvis deixara o veículo armazenado, sendo restaurado nos anos 80 por Mr. O’Donnell. Como o veículo era um protótipo, fora restaurado com peças não originais.
Presley comprou pelo menos mais três Blackhawks, sendo o mais famoso deles o 1973, adquirido em 06 de setembro de 1974. O veículo, original, tinha interior em couro vermelho e 18 quilates de ouro em seus revestimentos. Uma das últimas fotografias de Elvis conhecidas fora tirada com o veículo, em 16 de agosto de 1977, logo depois da meia-noite, no qual o cantor, depois de uma visita ao dentista, se dirigia para casa, em Graceland Gates. O artista veio a falecer no mesmo dia.
O Stutz Blackhawk III está em exposição no museu de automóveis de Graceland, em Memphis, exposto ao lado de mais de 20 outros carros da coleção do eterno Rei do Rock.
Uma das últimas fotos de Elvis ainda vivo, em seu Stutz, em agosto de 1977.
Fontes: Auto e Técnica / Estadão / Best Cars / Elvis.com.au
