Embora um tanto esquecida pelo público em geral, mas não pelos historiadores e antigomobilistas, a Packard foi a primeira marca de carros de luxo do mercado americano, entre as décadas de 20 e 40. Inclusive ela superava a Cadillac, pelo menos até os anos 50.
Mas no ano de 1955 a Packard estava em apuros, caindo do primeiro para o terceiro lugar em seu nicho, atrás também da Lincoln. Uma fusão desesperada com a Studebaker não ajudou a estancar o sangramento. O mercado previa inestimáveis perdas caso nada fosse feito.
O diretor de design da Packard, Richard Teague, aproximou-se do diretor de design da Studebaker, Bill Schmidt, e pediu permissão para criar um conceito que incorporasse todas as ideias de design para o futuro, que estavam sendo discutidas no estúdio da Packard.
Teague conseguiu a permissão, então ele e seu estilista-chefe, Dick MacAdam, começaram a trabalhar no projeto, iniciando no fim da primera de 1955 visando ter o carro-conceito no estande da Packard no Chicago Auto Show, em janeiro.
Enquanto a equipe de design trabalhava, a de engenharia começava a testar suas próprias ideias, como uma nova suspensão inovadora e uma reorganização da transmissão, visando uma melhora na distribuição de peso.
Porém, no último segundo, muitas dessas ideias, propostas por um jovem engenheiro brilhante, foram descartadas. Decepcionado, o rapaz pensou em procurar outro emprego. Seu nome? John Z. DeLorean.
Quando o modelo em escala e de desenhos técnicos estava pronto, o projeto fora enviado para a Ghia, na Itália, para ser construído em um curtíssimo período de 90 dias. A Ghia cumpriu sua obrigação e devolveu o carro em Detroit no fim de 1955.
O veículo fora “desembalado” na Parckard em 1º de janeiro de 1956, e a montadora descobriu, para seu horror, que muitos dos sistemas elétricos e mecânicos não haviam sido testados, por conta do curto espaço de tempo para a produção, e estavam apresentando graves defeitos.
O carro, então, fora levado para a Creative Industries, em Detroit, e a equipe começou a fazer os reparos, trabalhando 24 horas por dia.
Packard Predictor 1956
Milagrosamente o Predictor, nome em que o carro fora batizado, ficou pronto a tempo de participar do Chicago Auto Show, revelado em 07 de janeiro, sendo um grande sucesso.
Sua frente chamava muito a atenção, principalmente pela grade frontal, que lembrava os Packard antigos, que era interrompida por uma proa central e corria até o fim das portas, nas laterais, além da presença de faróis escamoteáveis.
O teto possuia um par de aberturas, que funcionavam como portas, com para-brisa traseiro parcialmente aberto para ventilação. A parte traseira trazia duas esculturais barbatanas.
O interior do Predictor era muito charmoso. Quando as portas se abriam, os bancos da frente giravam para “cumprimentar” motorista e passageiro. O painel de instrumentos, projetado para seguir o contorno do capô, na frente, tinha instrumentos padrões para a época. Olhares atentos viam que o volante não estava bem centralizado, possivelmente para dar mais espaço para o acesso do motorista. Já o console central apresentava uma série de medidores e controles por alavanca.
O Predictor fora muito elogiado pelo público e pela impresa especializada, e o mesmo influenciaria silenciosamente o design de vários outros veículos nos anos que se seguiriam. O veículo está agora na coleção do Museu Nacional Studebaker, em Indiana, nos EUA.
Fonte/Fotos: www.conceptcarz.com e www.cardesignnews.com