A Monteverdi era uma marca suíça de automóveis que hoje poucos lembram, mas que produziu um dos superesportivos mais exóticos do mundo.
A história começa quando Peter Monteverdi herda o negócio de seu pai, em Binningen, na Suíça, em 1957. Ele havia falecido de forma repentina, quando Peter tinha apenas 22 anos de idade, o que obrigou o jovem mecânico a tomar as rédeas da empresa.
Peter Monteverdi
Ao mesmo tempo em que dirigia o negócio da família, Peter Monteverdi era um piloto de razoável sucesso, tanto que chamou a atenção de ninguém menos que Enzo Ferrari, que lhe ofereceu a oportunidade de importar e vender suas belas e velozes Ferraris. Isso o levou a importar, também, outras marcas de luxo.
Já com vários clientes, Monteverdi notou algumas características comuns entre eles: eram homens de meia idade e que haviam acumulado dinheiro suficiente para comprar um carro esportivo de altas cifras. Mas, para seus corpos envelhecidos pela idade, talvez uma Ferreri não fosse o carro ideal, ergonomicamente falando.
“Ferrari é um carro de jovem, mas nenhum homem jovem pode pagar”, disse Monteverdi. “As pessoas mais velhas querem coisas com transmissão automática, mas a Ferrari se recusa a dar isso a eles.”
Ao mesmo tempo, surgiram alguns atritos com “il Commendatore”. “Enzo insistiu que eu comprasse 100 carros de uma vez e que pagasse adiantado. Eu não estava preparado para fazer isso, e então ele disse que encontraria outro importador. Eu não achei justo, mas ele o fez de qualquer maneira. Então eu decidi construir meu próprio carro.”
Nisso Monteverdi partiu por conta própria, procurando preencher um nicho no mercado de carros de luxo para clientes que gostariam de adquirir um veículo esportivo elegante.
Sua solução foi um cupê de tipo GT, o Monteverdi High Speed 375, concebido em 1967. O carro, que foi desenhado por Piero Frua, usava chassi tubular em uma carroceria de aço, movido por um grande motor V8 Chrysler com transmissões Torqueflite.
Monteverdi conseguiu um modesto sucesso com o High Speed e, no fim de 1969, começou a desenvolver um supercarro para competir com a Ferrati, Lamborghini e Maserati. O resultado foi um superesportivo de dois lugares com motor central, apresentado no Genebra Motor Show de 1970.
Projetado por Trevor Fiore, da Carrozeria Fiore, ou por Pietro Frua (há informações conflitantes com relação ao designer), o carro esportivo, denominado como “Monteverdi Hai” (tubarão em alemão), vinha em uma cor estranha do tipo magenta, chamada de Purple Smoke (fumaça roxa).
Também com motor central, um monstruoso 426 Chrysler Hemi, produzia 450 CV de potência. Podia aceletar de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos, chegando à máxima de 289 km/h. Sua frente, tipo nariz de tubarão, utilizava faróis escamoteáveis. Dava para perceber um pouco de De Tomaso, Giugiaro, Frua e tantos outros designers em seu estilo.
A recepção do Monteverdi Hai foi positiva. Cerca de 49 veículos seriam produzidos sob encomenda, mas no fim evidências apontam que apenas 4 foram construídos. O primeiro acabaria por ser vendido em 1971, passando então de colecionador a colecionador, com algumas aparições em Pebble Beach, nos EUA.
Peter Monteverdi faleceria em 1990 em um quarto acima de sua loja em Binningen, o mesmo lugar onde seu pai havia trabalhado e onde sua carreira começara cerca 40 anos antes.
Fonte/fotos: www.cardesignnews.com / www.supercars.net / www.conceptcarz.com